segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Sentido

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Hoje é mais uma daquelas madrugadas em que os sentimentos transbordam e escorrem pelos dedos. Sabe quando tu sente que vai explodir de tanta coisa que está trancada? Parece que já se tornou comum. Mais ordinário do que eu gostaria de admitir. 
Eu tento entender os rumos que minha vida está tomando, mas sou tão estranho aqui quanto qualquer um que olha de fora. Um estrangeiro na minha própria história. 
História da minha vida.
Tem dias que parece que eu já chorei tudo que tinha pra chorar em uma vida inteira, mas a lágrima continua a brotar. A tristeza continua a escorrer. 

O café quente esquenta um coração frio em uma vida vazia.
Esquenta, mas não conforta.
E nada parece confortar.

Eu olho pra trás e tento enxergar um passado onde estive bem...
É distante e eu sou míope.
Faço piada com a dor.
É o que resta. Aquela risada com olhos embaçados.
Como o vapor do café que embaça os óculos nessa noite fria.

Quase quatro da manhã e eu estou espremendo emoções a fim de extrair qualquer palavra que faça sentido pro que se sente.
Fez sentido?
Faz sentido tentar entender?

P.S.: Mas não se preocupe comigo. 
Arcade Fire está tocando.
(Esboço um sorriso enquanto toca "Song On The Beach".)
E eu hei de sobreviver.
Eu sempre o faço, não é?

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Noite de um verão fora de época

Há tanto para dizer
um peso enorme para descarregar
mas quando chegar a hora de colocar o preto no branco
o momento da verdade

tudo some

as palavras escorrem pelos dedos

e esse fardo só acumula.


E o baile segue
pelo menos
enquanto a bagagem não é demais pra aguentar.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Star stuff

Se eu ainda não tinha certeza, hoje eu descobri que observar o céu da noite é meu passatempo preferido da vida toda. Não há qualquer outra coisa que eu goste mais. Tem aquela frase que diz algo como "quando tu olha pro abismo, o abismo olha de volta para você" - desculpa Nietzsche, se eu disse algo errado - o ponto é que: quando você olha para a imensidão da vida, a imensidão da vida também te dá uma olhadela.

Eu fiquei horas - se bem que poderiam ser minutos ou segundos - admirando a vista. E aquela visão me encheu de vida. O Universo é tão estupidamente grande que nós somos nada perto dele. E qualquer coisa de ruim que possamos sentir torna-se ridiculamente estúpida quando tu flerta com estrelas que estão tão longe que, na verdade, nem estão mais ali. 

O Cosmos é tão tremendamente belo que faz com que tu te sinta tão amado e tão especial - apesar de tua insignificância no panorama geral. Faz amar a vida pelo simples fato de estar aqui, no meio desse wibbly wobbly timey-wimey. 

Porque, no final, we are made of star stuff.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um texto sobre solidão autoinfligida

É muito fácil "lidar" com a solidão quando tu és abandonado. É fácil ser a vítima da história. Entretanto, tudo muda quando tu optas pela solidão.
Afastar as pessoas de perto de ti é um movimento ousado, mas há tempos em que é preciso. Pode não ser uma decisão racional. Tem vezes que apenas acontece e quando tu paras pra pensar tu estás completamente sozinho.
Se tem algo que eu aprendi com minha vivência (mais de filmes, séries e livros do que "vida real") é que as pessoas mudam, os amigos partem e a vida não para pra ninguém.
Mas a gente para. E as pessoas seguem.
Não que alguém seja culpado. Não temos que colocar sempre a responsabilidade em alguém. As coisas simplesmente acontecem. C'est la vie.

(Apesar de eu me culpar por isso.)

Não sei bem se a solidão é uma escolha. Não sei se eu a escolhi. Só sei que é aqui que me encontro.
Com a solidão autoinfligida.
Vendo a vida passar. A vida dos outros passar.

Não decidi como me sinto sobre tudo isso.

[Adicione uma trilha do The National aqui]

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Suspiros

Por muito tempo acreditei ser a heroína de uma história. Uma heroína que não precisava ser salva. Por tempo demais, na verdade. Acontece que a realidade é bem diferente do que a gente pensa. O mundo real nada tem a ver com os devaneios em nossa mente. E parece que eu estava muito empolgada na festa dentro da minha mente pra perceber isso.

A ficha demora, mas finalmente cai. E percebemos que não há nada de heroico no que somos. Fracassos ambulantes. Esperando a data expirar. 

Crescer é viver em um mundo onde elefantes são chapéus. E as coisas não são nem perto do que a gente esperava. É viver à base de café, lutando pra ficar acordado e aguentar tudo com um sorriso estampado no rosto. É seguir rotinas exaustantes, fazendo coisas que não gostamos pelo simples fato de termos de fazê-las. É ter a obrigação de conviver com outras pessoas e ter de ser sociável com elas. Falar sobre coisas que não nos interessam. Interpretar um papel que nos foi destinado, porque é assim que as coisas são no mundo. Aparentemente.

Por que eu tenho que estar preparada pra isso? Por que eu tenho de corresponder às expectativas? Por que eu não posso ter 21 anos e não querer cursar a faculdade? Por que eu tenho de ser pressionada por tudo e todos? Por que eu tenho que carregar o peso do mundo sobre minhas coisas e fingir que está tudo bem? Por quê?

Eu não pedi para esse big black dog pra me acompanhar. Ainda assim, ele está sempre presente. Mesmo quando eu acho que ele se foi, ele está ali. Escondido. Mas sempre ali. 

E ninguém entende. Mas também, acho que estaria pedindo demais. Esperando demais.
Esperar.
Esperança... Coisa que já não tenho mais.

Mas sigo aqui. 
Esperando...

Meu prazo de validade chegar.

segunda-feira, 23 de março de 2015

A história de uma bolha

Era uma vez uma bolha. Lá, tudo era calmo. Pacífico até. A bolha era o lar de uma menina e seu big black dog. Eles tinham uma boa relação. Tudo ia bem.

Eventualmente, a menina teve de abandonar a bolha. 

Bem, talvez a bolha não fosse tão pacífica assim, mas lá, a menina não tinha obrigações. Não devia nada a ninguém. Podia ser o que ela queria. Podia abraçar a solitude e seu big black dog. Difícil dizer se isso fazia bem à menina. O que eu posso dizer é que ela gostava de lá. Ou achava que gostava.

Quando deixou a bolha, a menina teve de crescer, assumir compromissos e ter obrigações. Entretanto, nem tudo foi ruim quanto pode parecer. Ela também pode realizar sonhos e alcançar coisas que outrora acreditava serem impossíveis.

Nesse ponto, você deve pensar que a nossa mocinha estava completa e desfrutava de todos os prazeres dessa vida compromissada e realizada. Isso até podia ser parte da verdade. A outra parte é que a moça estava tão cheia, tão saturada, que tudo que pensava era na paz e calmaria da bolha. Ela só queria poder voltar pra lá. 


[cont]

sábado, 14 de março de 2015

Acabou, mas sem o chorare

Minha vida amorosa, se é que ela existe, é uma louca aventura da qual eu jamais sairei viva.
E hoje eu dei adeus a mais um capítulo de uma história fictícia. De um causo que nunca ousou sair do platônico.
Cinco meses de algo que nunca aconteceu. Pelo menos não fora da minha mente. 
Cinco meses de devaneios (e batatas).

Acabou, chorare.
Mas sem o "chorare".

Sigamos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Abraços não são contratos

Alguém disse para não confiar em abraços, pois são apenas uma maneira de esconder o rosto.
O que eu mais gosto nos abraços é isso.
Não pode-se basear no que um sorriso diz.
O que eu mais gosto nos abraços é que nos permitimos sem ter medo.
Escondemos o rosto e expressamos o sentimento de uma forma que palavras não conseguiriam.
Nos entregamos e ficamos nus diante do outro.
Sem máscaras.
Ali no tête-à-tête mais real que poderia existir.

O que eu mais gosto nos abraços é que eles não são contratos, são tratados de libertação.
E não existe lugar melhor pra se viver que um abraço.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Verão, café quente e coração frio

Encontro-me em uma estrada escura. Sozinha.
Mais um dia normal nessa vida nada extraordinária.

Eu tento me ajudar e buscar um lugar ao sol, ou que pelo menos algum raio perdido penetre.
Mas como diria Allan Poe, darkness there and nothing more.
Tem vezes que acho que ele descreve minh'alma.

Pensamentos impossíveis? Presente!
Mas por quê? Não quero falar sobre.
E no final falar era o mais necessário.

Mas me calo.
Sigo só e o peito aperta.
A dor física que nunca ultrapassará a emocional.

Até quando?

Até onde meus pés aguentarão?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Acorde-me para a noite

Conversamos sobre loucuras à la Douglas Adams e nossas próprias insanidades.
Inventamos universos e batatas capazes de fazer aquilo que nem ousamos pensar.
Debatemos o ontem e o hoje.
Degladiamos por causa de cornettos e lobisomens policiais.

Mais batatas. Mais tempo.

Mais presença e mais saudade. E, assim, mais necessidade.

O "bom dia" ao meio-dia.
O "acordei" e "dormi de novo".
Fica mais um pouco.
Que filme veremos hoje? Um nota 6, com sorte.

Resmungos, draminhas e volte aqui.
Na verdade, só queria estar "aqui".

Não sou super, mas queria poder.
E fazer isso tudo além do sonho acontecer.

Só queria poder fazer, no final, que fosse real.