terça-feira, 17 de junho de 2014

Rotina

Ele acordou com o desejo de destruir algo belo.
Levantou. Lavou o rosto. Olhou-se no espelho e não reconheceu o que viu.
Saiu sem café. Perdera tal hábito desde que a namorada o abandonou. Ele ainda não entendia o porquê.
No caminho para o trabalho, trânsito. A tranqueira rotineira. O estresse de cada dia.
No trabalho, ligações, gritarias, xícaras inúmeras de café. Pausa pro almoço? Luxo. Comer qualquer coisa no trailer barato era mais do que se podia esperar. Mais café, pilhas de documentos.
Bater o cartão. Afrouxar a gravata. Trânsito e congestionamento. Estresse em dobro.
Casa. Copo de uísque. Tiro na cabeça. Ninguém ouviu o barulho. Ninguém estava lá.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Passa tempo.

Perdida entre jornais, palavras cruzadas, o filme na TV e reflexões sobre a vida. A madrugada é fria. O passatempo interminado na minha frente só traz à tona o que tenho vivido: a incapacidade de fazer algo direito. Se nem as palavras cruzadas eu consigo completar, o que será da minha vida. Tanto a pensar. Tudo é tão gris e eu me perco em meio a tudo isso. A ideia de mudança me motiva, mas a preguiça fala mais forte. A vozinha que fala “deixa pra lá” grita mais alto. E assim, abandono até as aventuras do meu livros. Esse é o retrato do que estou sendo: um fantasma perdido numa paisagem cinza, sem força suficiente para procurar algo melhor. Sem vontade suficiente para, num dia nublado, manter os olhos fixos no sol.