sexta-feira, 16 de junho de 2017

[uma história dessas não precisa de título - ou sobre algo que ainda não pode ser nomeado]

Essa não é sua regular história de amor. Ela não vai aparecer em um filme, nem em uma cena de série. Não vai virar curta metragem pra ser exibido depois do Jornal do Almoço. É uma história sem grandes clichês de comédias românticas. E ela começa com a pergunta "como vocês se conheceram?".

Os olhares se encontram. Os dois riem.

Começou em um aplicativo de relacionamento. Ele não gostou de tudo que eu representava, mas me achou bonita. Eu gostei da cara dele. E foi assim que os dois se encontraram e não conseguiram mais viver sem o outro por perto. Pode não ter sido amor à primeira vista. Não teve olhares que se encontram em uma multidão, talvez não tenha sido sobre estar no lugar certo na hora certa, mas não por isso foi menos bonito ou menor que qualquer outra história idealizada.

O que eu mais gosto nela é que... ela é despreocupada. Aconteceu no seu tempo. Nem muito rápido - embora há quem ache que foi -, nem muito devagar. Os dois se apaixonaram sem sequer perceber. E, mesmo com receio, nunca tiveram medo de falar o que sentem. É uma história simples, mas é linda porque é deles. Pode não ser aquela história de amor que você espera. Mas é uma bela história e é repleta de amor.

Não é perfeita. 
Existe história perfeita? 
E justamente a imperfeição que a torna especial. 
É uma história real. 

Se tu perguntar o que eles acham, é bem provável que te digam, cada um do seu jeito, o quanto gostam dessa história. Um causo inesperado, mas que os dois passaram a vida esperando. É sobre encontros e desencontros. É sobre cubos e outras formas geométricas. É sobre sorrisos que conquistam. Abraços apertados. Lágrimas - inevitáveis, mas nem sempre negativas. Sobre não-contratos, promessas - não de amor eterno, mas de ser bom enquanto dure, enquanto for feliz, enquanto houver amor. Até que a morte ou a vida os separe. Sobre três, quatro ou cinco palavras que nunca evitam dizer ou relembrar.

Eu não sei o que faz uma história de amor de comédia romântica, mas eu sei uma ou duas coisas sobre o que faz uma história que tem amor e tantas outras coisas que fazem tudo valer à pena. 

Foram mais de seis meses pra contar essa história, porque eu estava ocupada demais em vivê-la. Eu ainda estou, mas achei um tempinho, enquanto viajo pra te encontrar, pra contar sobre ela. 

Há uma música que eu gosto muito que diz "I have written you down, now you'll live forever" e eu sempre gostei dessa letra. Bem, eu escrevi. Agora vai existir pra sempre.

terça-feira, 29 de março de 2016

äcelumdisperilosiuoso

nos filmes, novelas
dizer eu te amo é sempre um big deal
é algo com peso
custoso

entretanto
não sei se na vida real é bem assim
não sei se na minha vida é bem assim

eu já disse
eu te amo quando não devia
eu te amo que não durou
eu te amo que dura e parece que nunca mais vai acabar
e que só cresce mais e mais

e no vai e vem de amores e desamores
fica difícil pra nós
meros mortais da arte de amar
saber ao certo quando é que se diz
aquelas famosas palavras
as três palavras

será que tem hora certa
o momento certo
o instante
milissegundo
aquele flash de luz
piscar de olhos
pra proferir?

nesse só sei que nada sei
eu (acho que) descobri
que ninguém aqui sabe ou vai saber
a hora certa
é agora ou já foi?

mas pensando aqui
cá com meus botões
lembrei-me de uma música que eu gosto muito
de uma banda que eu gosto muito
que diz mais ou menos assim
- deixa a vontade tomar conta de nós
e, se eles estiverem certos,
e eu acho que estão
o momento é quando a gente quer
quando a gente se permite
quando deixa a vontade tomar conta
e a vontade, ela é forte, quando quer

deu vontade
e eu queria dizer
sem enrolar mais
algumas linhas
que

eu
te
äcelumdisperilosiuoso

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Sentido

Clique aqui.

Hoje é mais uma daquelas madrugadas em que os sentimentos transbordam e escorrem pelos dedos. Sabe quando tu sente que vai explodir de tanta coisa que está trancada? Parece que já se tornou comum. Mais ordinário do que eu gostaria de admitir. 
Eu tento entender os rumos que minha vida está tomando, mas sou tão estranho aqui quanto qualquer um que olha de fora. Um estrangeiro na minha própria história. 
História da minha vida.
Tem dias que parece que eu já chorei tudo que tinha pra chorar em uma vida inteira, mas a lágrima continua a brotar. A tristeza continua a escorrer. 

O café quente esquenta um coração frio em uma vida vazia.
Esquenta, mas não conforta.
E nada parece confortar.

Eu olho pra trás e tento enxergar um passado onde estive bem...
É distante e eu sou míope.
Faço piada com a dor.
É o que resta. Aquela risada com olhos embaçados.
Como o vapor do café que embaça os óculos nessa noite fria.

Quase quatro da manhã e eu estou espremendo emoções a fim de extrair qualquer palavra que faça sentido pro que se sente.
Fez sentido?
Faz sentido tentar entender?

P.S.: Mas não se preocupe comigo. 
Arcade Fire está tocando.
(Esboço um sorriso enquanto toca "Song On The Beach".)
E eu hei de sobreviver.
Eu sempre o faço, não é?

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Noite de um verão fora de época

Há tanto para dizer
um peso enorme para descarregar
mas quando chegar a hora de colocar o preto no branco
o momento da verdade

tudo some

as palavras escorrem pelos dedos

e esse fardo só acumula.


E o baile segue
pelo menos
enquanto a bagagem não é demais pra aguentar.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Star stuff

Se eu ainda não tinha certeza, hoje eu descobri que observar o céu da noite é meu passatempo preferido da vida toda. Não há qualquer outra coisa que eu goste mais. Tem aquela frase que diz algo como "quando tu olha pro abismo, o abismo olha de volta para você" - desculpa Nietzsche, se eu disse algo errado - o ponto é que: quando você olha para a imensidão da vida, a imensidão da vida também te dá uma olhadela.

Eu fiquei horas - se bem que poderiam ser minutos ou segundos - admirando a vista. E aquela visão me encheu de vida. O Universo é tão estupidamente grande que nós somos nada perto dele. E qualquer coisa de ruim que possamos sentir torna-se ridiculamente estúpida quando tu flerta com estrelas que estão tão longe que, na verdade, nem estão mais ali. 

O Cosmos é tão tremendamente belo que faz com que tu te sinta tão amado e tão especial - apesar de tua insignificância no panorama geral. Faz amar a vida pelo simples fato de estar aqui, no meio desse wibbly wobbly timey-wimey. 

Porque, no final, we are made of star stuff.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um texto sobre solidão autoinfligida

É muito fácil "lidar" com a solidão quando tu és abandonado. É fácil ser a vítima da história. Entretanto, tudo muda quando tu optas pela solidão.
Afastar as pessoas de perto de ti é um movimento ousado, mas há tempos em que é preciso. Pode não ser uma decisão racional. Tem vezes que apenas acontece e quando tu paras pra pensar tu estás completamente sozinho.
Se tem algo que eu aprendi com minha vivência (mais de filmes, séries e livros do que "vida real") é que as pessoas mudam, os amigos partem e a vida não para pra ninguém.
Mas a gente para. E as pessoas seguem.
Não que alguém seja culpado. Não temos que colocar sempre a responsabilidade em alguém. As coisas simplesmente acontecem. C'est la vie.

(Apesar de eu me culpar por isso.)

Não sei bem se a solidão é uma escolha. Não sei se eu a escolhi. Só sei que é aqui que me encontro.
Com a solidão autoinfligida.
Vendo a vida passar. A vida dos outros passar.

Não decidi como me sinto sobre tudo isso.

[Adicione uma trilha do The National aqui]

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Suspiros

Por muito tempo acreditei ser a heroína de uma história. Uma heroína que não precisava ser salva. Por tempo demais, na verdade. Acontece que a realidade é bem diferente do que a gente pensa. O mundo real nada tem a ver com os devaneios em nossa mente. E parece que eu estava muito empolgada na festa dentro da minha mente pra perceber isso.

A ficha demora, mas finalmente cai. E percebemos que não há nada de heroico no que somos. Fracassos ambulantes. Esperando a data expirar. 

Crescer é viver em um mundo onde elefantes são chapéus. E as coisas não são nem perto do que a gente esperava. É viver à base de café, lutando pra ficar acordado e aguentar tudo com um sorriso estampado no rosto. É seguir rotinas exaustantes, fazendo coisas que não gostamos pelo simples fato de termos de fazê-las. É ter a obrigação de conviver com outras pessoas e ter de ser sociável com elas. Falar sobre coisas que não nos interessam. Interpretar um papel que nos foi destinado, porque é assim que as coisas são no mundo. Aparentemente.

Por que eu tenho que estar preparada pra isso? Por que eu tenho de corresponder às expectativas? Por que eu não posso ter 21 anos e não querer cursar a faculdade? Por que eu tenho de ser pressionada por tudo e todos? Por que eu tenho que carregar o peso do mundo sobre minhas coisas e fingir que está tudo bem? Por quê?

Eu não pedi para esse big black dog pra me acompanhar. Ainda assim, ele está sempre presente. Mesmo quando eu acho que ele se foi, ele está ali. Escondido. Mas sempre ali. 

E ninguém entende. Mas também, acho que estaria pedindo demais. Esperando demais.
Esperar.
Esperança... Coisa que já não tenho mais.

Mas sigo aqui. 
Esperando...

Meu prazo de validade chegar.